Essa palavra ... tolerância ...

Retirado de welcometomypillowbook.blogspot.com

Ontem, estava eu na minha odisseia de boa mestra a fazer testes sumativos quase em série, no meio de livros, papelada e rascunhos quando deparei com este texto ... interessante, actual e pertinente .... decidi partilhá-lo ...

“Na sua obra fundamental, Sobre a Liberdade, John Stuart Mill, escreveu: “A humanidade tem mais em lucrar aceitando que cada um viva como bem lhe parece do que compelindo cada um a viver como bem parece aos outros.” Esta observação contém um número significativo de implicações. Define uma pessoa intolerante como aquela que deseja que os outros vivam como ela pensa que devem viver, e que procura impor aos outros as suas práticas e as suas crenças. Diz que a comunidade humana beneficia por permitir que floresça uma variedade de estilos de vida, porque estes representam experiências a partir das quais muito se pode aprender sobre o modo de lidar com a condição humana. E reitera a premissa de que ninguém tem o direito de dizer a outrem como deve ser ou agir, desde que tal modo de ser e de agir não prejudique os outros. Estes são os princípios do liberalismo, palavra maldita para aqueles que temem que, a menos, que haja um domínio apertado sobre os pensamentos e instintos humanos, a terra se abrirá e dela sairão demónios. Contudo, a tolerância é não só a pedra de toque, mas também o paradoxo do liberalismo. Porque o liberalismo exige a tolerância de pontos de vista opostos e permite que estes se afirmem, deixando ao confronto democrático das ideias decidir qual vencerá. O resultado é muitas vezes a morte da própria tolerância, porque aqueles que vivem por princípios rígidos e por leis intransigentes em matéria de política, moral e religião, assim têm a mínima oportunidade, silenciam os liberais, pois o liberalismo, pela sua natureza, ameaça a hegemonia que pretendem impor.”
A.C. Grayling, The Meaning of Things, Blackwell’s Publishers, 2001.

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